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Eu sempre quis
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Eu sempre quis tomar um pé na bunda
E na mais profunda depressão escrever
Um lindo disco, triste e visceral
Expondo a intimidade que só cabe ao casal
Escrever novos clássicos do sofrer
Exaltando a idoneidade daquele que se iludiu
Onde é que já se viu alguém escrever bem
Sem romper o amor que estava por um fio?
Conquistar um novo público que me julgava
Ser meramente superficial
Mas que perante o sofrimento de um jovem talento
Não ficasse isento e me desse o aval
Pra concorrer ao Prêmio Bravo! e da APCA
E também para entrar na lista dos melhores
Ah, os melhores do ano... Pois se eu não me engano
Se agradou fulano, siclano vai aprovar
E mesmo que a minha fórmula não te convença
Que juntando o brega e o triste você vem para o meu lado
Basta uma boa assessoria de imprensa
Nenhum caderno cultural resiste a um coração despedaçado
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2. |
Pesadelo
03:44
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Até hoje eu me pergunto
Por que eu não mudei de assunto?
Quando você deu a entender
Que a gente devia morar junto
Por que você não tentou desconversar?
Bem que eu tentei, mas resolvi considerar a sugestão
E desde então aquele dia
Foi o início do fim da discussão
Isso tá virando um pesadelo
Um peso que logo vai desabar
Apesar de todos os apelos
Ignoro tê-los só pra me adequar
Até hoje estamos juntos
Nem vamos tocar nesse assunto
Quando você vai entender
Que tem coisa que eu nem te pergunto
Por que você não tentou se acostumar?
Bem que eu tentei, mas resolvi considerar a tentação
E eis que então chegou o dia
De pôr um fim no início da discussão
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3. |
Casa
04:09
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Fui pedi-la em casamento
Ela pediu um momento
Quero ter autonomia para poder dizer não
Me mandou um documento
Dizendo “eu só lamento
Acontece que eu pretendo me casar com seu irmão"
Já que tanto me humilha
E o negócio é de família
Traz aqui a sua filha pra eu casar com ela, então
E não leva muito tempo
Quando chegar os rebentos
Vai rolar a confusão
A minha sogra que é minha ex-namorada
Se mostrou entusiasmada da família aumentar
E o meu cunhado que também é meu sobrinho
Construiu um puxadinho que é pra mó deles morar
Um belo dia chegou o moço do Censo e como o clima ficou tenso
Resolveu deixar pra lá
Vamos vivendo debaixo do mesmo teto
Sogra, filha, pai e neto
Quero ver o arquiteto
Que vai fazer o projeto
De tijolo ou concreto
Pra tentar organizar
Ê, que casa é essa?
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4. |
Por onde anda
03:07
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Por onde anda?
A tua distância já diz tanto
E no entanto eu tento não me incomodar
A tua certeza tão velada escancara a minha dúvida
Que pútrida maneira de encarar
Por que se cala
Se não consente?
Infelizmente é uma metade infeliz
Outra metade mente
Cara a cara, frente a frente é diferente
Ela sorri experiente
E segue sempre sem se explicar
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5. |
Espioes
03:29
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De todos meus deslizes
Você só soube do menor
Imagine então
O tamanho da contradição
Do meu pedido de perdão
Sabendo que a traição
Não foi uma só
Apesar do seu voto de confiança
Eu não boto esperança
Já não há o que vingar
E se vingar é melhor nem esperar
A mesma compreensão
Que então me concedeu
Por ocasião do que aconteceu
O teu perdão não justifica o meu
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6. |
Chorume
03:50
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O perfume do teu choro tem o cheiro do chorume
Gota a gota tua beleza só o esgoto reconhece
Por ciúme ou desaforo não há bueiro que acostume
Quanto mais tristeza tem mais urubu me agradece
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7. |
Por mais que fosse pouco
03:31
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Por mais que fosse pouco até que dava para o gasto
Com o teu troco eu já me basto
Em troca dou tudo que eu tenho
Volta e meia eu volto e venho
Me excedo e você não cede
E pede um pouco mais de empenho
Teu desdém já tá claro
Custa caro acreditar
Encaro todos os teus poréns
Para poder viabilizar
Quero que saibas, no entanto
Que o tanto que se oferece
É o bastante por enquanto
Te compre quem não conhece
Nunca vi cara metade ser tão cara de verdade
Mas acho que só por vaidade vou pagar pra ver
Esse período de carência nunca foi de caridade
Invisto à vista, você despista
E pede um tempo pra aprovar
Comprovo renda, até me rendo
E o dividendo que entrar
Cá entre nós, divido tudo
Não tem furo o meu futuro
As minhas juras são os juros
Que no fim você vai cobrar
Investimento desses
Tem que ser consentimento
Quem pede a mão sem pé de meia
Perde o argumento
Quiçá, talvez
Nunca vamos à falência
Se de fato vale
O quanto pesa a consciência
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8. |
3x4
04:03
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Debaixo do meu passo
Você apareceu
E logo sumiu
Entre o meio fio
E a pedra solta do petit pavê
Juntei e ninguém viu
Pedaço de papel
Contorno da luz fria
Fundo branco em degradê
Por que você não passa mais aqui?
Mas o tempo passa e o tempo passa
E eu espero a tua graça
Que eu teimo exisitir
Insisto em insistir
Até hoje às seis
Naquele quarteirão
Que é pra te devolver
A foto que você deixou cair
3x4 centímetros pra mim
Quilômetros quadrados pra eu tentar te encontrar
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9. |
Tudo teu
04:52
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Eu nem tinha pressa pra chegar e ver
O que tem nesse lugar
De que me adianta entrar sem ti?
Por mais que eu não possa desejar
Ver você se aproximar daqui
Passe o tempo que for
Eu posso esperar
Peço que demore
O passo para dar
Tempo tenho
Todo o tempo
Não sei se fico triste ou contente
Vendo tanta gente
Vindo para cá
Trazendo lembretes
Dizendo macetes
Tentando me convencer a descansar em paz
E foi por isso que quando você apareceu
O lugar inteiro silenciou
Todo mundo finalmente entendeu
E agradeceu o tempo que levou
Pois não apresse mais
Ora, você chegou
E tudo é teu
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